quinta-feira, 26 de maio de 2011

Misturando autores, combinando idéias, confluindo argumentos


McLuhan afirmou em seu livro "Os meios de comunicação como extensão do homem" que o meio é a mensagem por ser esse meio quem delineia (e administra) a dimensão (e estrutura) das ações e associações humanas. McLuhan ainda indica a idéia de que o efeito das tecnologias se manifesta nas relações entre os sentidos num passo firme e sem qualquer resistência. Terence McKenna, autor e pesquisador,  foi ainda mais direto ao discutir sobre os efeitos da tv em um espectador assíduo. McKenna chega a afirmar em uma entrevista que a tv é uma droga. Terence vai justificar sua idéia dizendo que um espectador após poucos minutos em frente a tv já fica com olhar fixo, pressão sanguínea alterada e um tanto paralisado com o conteúdo que delineia-se a sua frente. McLuhan convida o estudante da sua teoria a pensar nos efeitos dos meios não apenas com seu livro, mas a partir do seu documentário. Em "McLuhan's wake" Luhan afirma que nossas tecnologias apresentam consequências insondáveis. McKenna, por sua vez, além de mencionar os efeitos da tv como as de uma droga ainda diz que essa mídia, quando aceita intensamente, termina por ditar e moldar o sistema de valores do espectador. Quer dizer, seja o espectador quem for: adulto ou adolescente.
O meio, a mídia, é aquilo que está guiando seu espectador, fazendo a diferença nas suas vidas. Pode-se afirmar, então, segundo as idéias de McLuhan e McKenna que um adolescente com o hábito de assistir muita televisão compromete seu sistema perceptual. Em vez de encontrar na leitura um entretenimento ou em atividades que lhe exijam o exercício do corpo e/ou intensifiquem seu raciocínio/reflexão o adolescente senta-se em frente a tv permitindo que a mídia lhe transfira seu conjunto de valores e conhecimentos. O adolescente em questão entorpece, segundo McKenna, alguns dos seus sistemas perceptuais e tem seus sentidos condicionados enquanto se mantém como espectador da programação televisiva. É uma inversão de valores: a tv toma o lugar do livro na transmissão de valores e conhecimentos; o artificial quem apresenta a natureza em vez da observação individual do próprio interessado; o racional passa a significar sequência uniforme e contínua.
Como disse E. M. Forster em 'Passagem para a Índia' para refletir o estudo das culturas orientais em assimilar/compreender os padrões racionais e visuais europeus (Ocidentais): "Em outras palavras, confundimos razão com instrução letrada e racionalismo com uma tecnologia isolada; (...) os sons não tinham eco nem o pensamento se desenvolvia. Tudo parecia cortado pela raiz e infectado de ilusão".


A. Moreno

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